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    Valor Econômico | Violência por arma custou R$ 37,8 milhões em 2020

    16 de dezembro de 2021 às 10:16

    Valor recuou entre 2019 e 2020, mas ainda é considerado alto e sob risco com política de armamento de Bolsonaro

    Por Hugo Passarelli (acesse o texto original publicado pela revista Valor Econômico)

    As internações hospitalares por lesões causadas por armas de fogo somaram 17,2 mil em 2020 e custaram R$ 37,8 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo estudo inédito do Instituto Sou da Paz obtido pelo Valor. O levantamento procurou medir impactos da violência armada para além das vidas perdidas e constatou que, desde 2018, há tendência mais definida de queda das ocorrências e dos custos para o sistema de saúde.

    O patamar de internações e óbitos, porém, ainda é considerado elevado. Os valores desembolsados para tratar as vítimas de armas de fogo em 2020 seriam suficientes para realizar 9 milhões de hemogramas completos ou 1,6 milhão de mamografias.

    Nas internações, a quantidade registrada ano passado foi equivalente à de 2010, embora tenha caído 4,5% entre 2019 e 2020. Já os custos estão próximos aos de 2008, já corrigidos pelo IPCA, apesar da retração de 5,8% na comparação de 2020 ante 2019.

    “Apesar de registrarmos redução das mortes violentas nos anos recentes, seguimos em nível muito alto e não estabilizado porque a queda é conjuntural. Política pública de segurança é longo prazo”, afirma Cristina Neme, coordenadora de projetos do Sou da Paz.

    O pico de internações por lesões com armas de fogo ocorreu em 2016 (quase 25 mil), ano em que iniciou um processo de recuo até chegar ao patamar de 17,2 mil. Os custos hospitalares atingiram o ápice em 2014, com R$ 64,2 milhões, cifra que, depois de oscilações, também entrou em trajetória de retração.

    Se a foto é mais favorável, a visão de longo prazo indica que a questão ainda é crítica. Desde 2008, o custo acumulado das internações para tratar lesões por armas soma quase R$ 680 milhões. “No entanto, essa é apenas uma parte do ônus da saúde no atendimento de vítimas de violência armada, já que há custos bancados com recursos próprios dos estados e municípios”, destacam os autores do estudo.

    A queda dos custos de internação está ligada à diminuição da gravidade dos ferimentos. Desde 2015, os casos de baixa de letalidade predominam e hoje representam cerca de 41% do total de ocorrências, ante 29% para os de alta complexidade – a cifra não atinge os 100% porque o recorte desconsiderou os casos de gravidade intermediária.

    O tempo de internação para ferimentos de alta letalidade é maior e, entre 2008 e 2020, representou, em média, um dia a mais do que os de baixa letalidade. O custo também é superior para os pacientes graves, mas a distância para o grupo com ferimentos mais leves está diminuindo na última década.

    “[…] A redução do custo médio da diária não necessariamente indica realização de menos procedimentos durante a internação (o que reduziria o custo total), pois existe a possibilidade dos valores tabelados para repasse do SUS para ressarcimento de procedimentos encontrarem-se defasados”, diz o estudo.

    Em 2020, 57% dos pacientes internados por violência armada no SUS eram jovens (15 a 29 anos), 91% eram homens e 56% eram negros. Os homens ficam mais tempo internados, com custos e taxa de mortalidade maiores do que as mulheres.

    A maior facilidade na compra de armas por cidadãos desde o início do governo Bolsonaro é o que mais preocupa agora, diz Cristina. “Vemos um ataque às conquistas do Estatuto do Desarmamento. São vários decretos e normas que têm ampliado o acesso às armas e o efeito disso só veremos ao longo do tempo”, diz a coordenadora do Sou da Paz.

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