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    Valor Econômico | Internação por armas de fogo custa R$ 41 milhões ao SUS

    1 de novembro de 2023 às 04:20

    Gasto vem caindo desde 2016, mas ainda é três vezes maior que o investimento federal per capita com o sistema de saúde, mostra estudo

    Reportagem publicada pelo Valor Econômico (clique para acessar o texto original), sobre a segunda edição da análise Custos da violência armada no sistema público de saúde

    O Brasil gastou R$ 41 milhões do orçamento destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) com internações hospitalares de vítimas por armas de fogo em 2022, segundo estudo Custos da violência armada no sistema público de saúde, elaborado pelo Instituto Sou da Paz. No ano passado, foram 17,1 mil internações de vítimas de disparos e a maioria delas é homem jovem e principalmente negro.

    Esse custo vem caindo ininterruptamente desde 2016, quando foi R$ 69,8 milhões, observa a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo. Contudo, o valor continua alto, pois cada internação por violência armada custa, em média, R$ 2.391, o que é três vezes maior que o investimento federal per capita com o SUS.

    “Ao comparar com os anos anteriores, o custo do atendimento por causa de arma de fogo está em queda, mas ainda é bem mais alto do que o gasto com saúde por cada habitante do país”, diz. Como referência, o instituto aponta que os R$ 41 milhões gastos no tratamento com ferimentos por armas de fogo poderiam bancar, por exemplo, quase 1 milhão de mamografias e 40,5 milhões de testes rápidos para detectar infecções sexualmente transmissíveis.

    Segundo o levantamento, que se baseia em dados do Sistema de Informações Hospitalares e do DataSUS, os homens representaram 89,6% das vítimas por armas de fogo em 2022. Além disso, em média, eles ficam mais tempo internados, além de a diária deles custar mais e a taxa de mortalidade hospitalar ser maior, o que possivelmente reflete a gravidade maior das lesões que os vitimam em comparação com as mulheres.

    Pessoas negras representaram 57% das internações no ano passado, enquanto 16% das vítimas não são negras e em 26% dos casos não há identificação sobre raça ou cor dos pacientes. O dado, segundo o Instituto Sou da Paz, reflete o cenário de desigualdade social que prevalece no país e do qual os negros estão historicamente mais expostos.As agressões intencionais são a principal causa de internações decorrentes de ferimentos por arma de fogo e responderam por 75% dessas internações em 2022. Em seguida, vêm os acidentes (17%) e as lesões autoprovocadas (1,5%). Já 6,5% das internações são de casos em que a causa do ferimento não foi identificada. Quando se olha para os óbitos em decorrência de armas de fogo, os últimos dados mais confiáveis são de 2021 e mostram que 93,8% se deram por agressão e disparos intencionais, enquanto os acidentes que terminaram em morte representaram 0,7% e as lesões autoprovocadas foram 3%.

    A diretora do Instituto Sou da Paz explica que o cálculo do custo da violência armada no SUS é específico e não projeta o quanto a violência de modo geral impacta na economia como um todo. Ela também chama a atenção para um aumento proporcional nos casos de baixa letalidade em relação aos de alta letalidade. “Há um tipo de violência que não é a da criminalidade organizada. São ocorrências mais banais que estão aumentando e pode estar relacionado com o acesso mais fácil da arma de fogo”, diz Carolina, ressaltando que esse dado precisa ser mais aprofundado nos próximos levantamentos para que se entenda melhor o efeito do afrouxamento das leis para compra de armas a partir de 2019.

    Na análise por regiões, o estudo mostra que as agressões prevalecem como principal causa dos ferimentos por arma de fogo em todo o país, mas os acidentes sobressaem nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde responderam por cerca de um terço e um quarto das internações, as duas regiões que apresentaram os maiores índices de aquisição de armas durante o período de flexibilização do governo Jair Bolsonaro. “É outra luz que acende. Lugares onde há maior circulação de armas legais tendem a ter mais internações [de baixa letalidade] por armas de fogo”, analisa a diretora.

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