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    Sou da Paz e Ministério Público rastreiam a origem de armas usadas em roubos e homicídios

    2 de março de 2015 às 03:45

    O Instituto Sou da Paz em parceira com o Ministério Público do Estado de São Paulo iniciou uma pesquisa inédita para descobrir a origem de armas usadas em roubos e em homicídios. Até o momento foram analisadas 4.289 armas apreendidas nestes crimes na cidade de São Paulo, nos anos de 2011 e 2012, e constatou-se que aproximadamente metade delas não pôde ter sua origem revelada por conta da numeração suprimida. Os dados parciais já confirmam a necessidade do Brasil adotar maior rigor na circulação de armas de fogo.

    “Descobrir a origem das armas dos roubos e homicídios é fundamental para que seja possível definir estratégias que antecipem a entrada destas armas em circulação ajudando a reduzir estes que são os crimes que mais assustam a população”, esclarece o Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa.

    Outra revelação importante da pesquisa é que há um número significativo de armas legais que foram furtadas de seus proprietários e depois apreendidas, relacionadas a roubos e homicídios. Pelo menos 38% das armas rastreadas tinham registro, o que na prática significa que foram vendidas legalmente e depois desviadas para a mão de criminosos. Das armas com registro prévio, a esmagadora maioria foi registrada no Estado de São Paulo, dado que mostra como a fiscalização precisa ser reforçada dentro das fronteiras do Estado.

    “Essa situação preocupa, pois as armas nesta situação demoram anos para serem recuperadas pela polícia”, comenta Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz. “A pesquisa conjunta com o Ministério Público permite identificar o caminho das armas usadas nos roubos e homicídios e dão importantes subsídios para o combate do comércio ilegal”, complementa Marques.

    Os dados do rastreamento também chamam a atenção para um outro problema; do universo das armas do homicídio: 40% não podem ser rastreadas por terem a numeração alterada. Nas armas do roubo este número é ainda mais preocupante: 54%, ou seja, apesar de saber que a maioria das armas são nacionais não é possível descobrir a fonte do desvio.

    “As armas com numeração suprimida são um grande problema para a segurança pública. Todo crime tem um autor, toda arma tem um dono. A falta deste número prejudica o esclarecimento de crimes, a identificação dos traficantes de armas e gera impunidade. Por conta dessa pesquisa que estamos conduzindo com o Instituto Sou da Paz, vamos compartilhar os dados com os órgãos competentes para discutirmos novas tecnologias de marcação de armas que impeçam ou dificultem a supressão da numeração que é a garantia do rastreamento. Tal medida certamente trará contribuições para o combate ao comércio ilegal de armas”, comenta o Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa. 

    Descontrole

    Na análise preliminar foi possível perceber como o descontrole da arma afeta a segurança pública. No estudo constatou-se que há casos em que várias armas são desviadas de uma única vez e posteriormente são usadas em crimes como o homicídio. Selecionamos um caso de um revólver calibre 38 furtado com outras 17 armas de um colecionador em Santo André em 2011 e usado em um homicídio em Itapecerica da Serra em 2012.

    A apreensão desta arma só ocorreu 13 meses após o desvio e mais de 2 meses após o referido homicídio

    Todo o trabalho de rastreamento resultará em uma pesquisa exclusiva sobre o tema com previsão ainda para este ano.

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