Uma vez mais o Instituto Sou da Paz vem a público para manifestar sua indignação com a violência policial. O episódio ocorrido da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, em 25 de junho, é inaceitável. Foram mortas 10 pessoas, em uma incursão violenta por parte do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Houve uso excessivo da força vitimando muitas pessoas.
Contudo, além da indignação com o ato da polícia em si, gostaríamos de manifestar nossa indignação com a forma como a imprensa cobre e repercute o fato. A busca por informações de antecedentes criminais das vítimas moradoras da Maré parece querer legitimar que a vida de uns vale mais que a de outros. Nenhum veículo questionou se os jornalistas vitimados por balas de borracha nas manifestações tinham antecedentes criminais. Por que, então, buscar a informação sobre os antecedentes criminais dos moradores da Favela da Maré vítimas da violência policial?
Há que se ter coerência, não importa se com antecedentes ou não: a função da polícia é usar a força de forma proporcional, garantindo os direitos de todos os cidadãos, independente de cor ou classe social. E a imprensa tem a responsabilidade de ajudar a construir uma polícia que consiga dar conta dessa missão.