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    UOL | Pandemia reduz em até 40% denúncias de estupro de vulneráveis em SP

    2 de dezembro de 2020 às 08:02

    (Leia a matéria completa publicada pelo UOL, mencionando o relatório “Análise das ocorrências de estupro de vulnerável no estado de São Paulo”, compilado pelo Instituto Sou da Paz, em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo e Unicef)

    A pandemia do novo coronavírus tem dificultado as denúncias de estupros de vulneráveis no estado de São Paulo, que chegaram a cair quase 40% nos primeiros meses da crise de saúde pública. A conclusão é de um relatório feito pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Instituto Sou da Paz.

    O estudo analisou dados da Secretaria de Segurança Pública paulista e concluiu que as denúncias de violência sexual, sobretudo contra crianças e adolescentes menores de 14 anos, caíram drasticamente no primeiro semestre de 2020. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a maior queda foi em maio (39,3%), seguida por abril (36,5%).

    Além dos menores de 14 anos, as estatísticas de estupro de vulnerável também incluem pessoas com deficiência ou que não podem oferecer resistência por outra causa ou condição de vulnerabilidade, como embriaguez.

    A grande maioria das vítimas é do sexo feminino, com 83% das denúncias. O recorte racial é parecido com o perfil da população paulista, mostrando 60% de brancos e 38% de negros. Outro dado interessante é que o pico dos abusos ocorre bem mais cedo para meninos, entre 4 e 5 anos, enquanto o das meninas vem aos 13 anos.

    A grande maioria das vítimas é do sexo feminino, com 83% das denúncias - Getty Images/iStockphoto
    A grande maioria das vítimas é do sexo feminino, com 83% das denúncias

    Em média, 7% das vítimas possuem algum tipo de deficiência ou outra vulnerabilidade, sobressaindo a deficiência intelectual.

    A conclusão de que a pandemia de covid-19 dificultou as denúncias vem porque 84% dos registros de estupro de vulnerável feitos no primeiro semestre do ano no estado aconteceram dentro de casa. Isso leva a crer que a suspensão das aulas e o período de isolamento social criaram uma realidade de menos vínculos de confiança das crianças com adultos fora de casa, o que dificulta as denúncias.

    “Nossa hipótese — de que os estupros não diminuíram, mas as denúncias sim — leva à triste constatação de que há um grande número de meninas e meninos que foram ou estão sendo vítimas de violência sexual, ocultos pela ausência das denúncias”, afirma o relatório.

    Mesmo com a provável subnotificação das ocorrências, o estupro de vulneráveis representou 75% do total de estupros registrados no estado de São Paulo no primeiro trimestre.

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