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    NOTA PÚBLICA: Segurança nas escolas é investir num ambiente de convivência saudável e acolhedor

    12 de abril de 2023 às 02:40

    Diante do pânico e medo em grande escala causados nos últimos dias, depois de tantos casos graves de ataques em escolas brasileiras, temos visto surgir propostas populistas que podem oferecer muito pouco em termos de resultados. O Instituto Sou da Paz se solidariza com as vítimas, famílias e comunidade escolar e, por isso, vem trazer informações que podem subsidiar o debate e dar um pouco mais de serenidade na maneira como as respostas a esses tristes acontecimentos têm sido conduzidas.

    As evidências mostram que as iniciativas que direcionam investimento apenas em mais segurança dentro das escolas não funcionam. Podemos tomar como referência os Estados Unidos, que tiveram casos emblemáticos de ataques, como o da cidade de Columbine, em 1999, que terminou com 15 pessoas mortas. A partir dele, o país realizou uma série de medidas, como colocar detector de metais, portas reforçadas e câmeras de segurança com reconhecimento facial, além de policiais armados em escolas, mas elas não foram suficientes para diminuir o número de casos violentos. Como exemplo, as cidades de Parkland e Santa Fe tinham policiais armados dentro dos ambientes escolares, mas eles não foram capazes de impedir os massacres que ocorreram em 2018 e deixaram 17 e 10 mortos, respectivamente.

    A quantidade de propostas legislativas geradas no calor dos acontecimentos nos preocupa porque elas dão uma resposta ao medo que é ineficiente. O Sou da Paz não condena o investimento em policiamento, como as rondas escolares que têm um papel importante fora da escola, nos horários de entrada e saída. Elas, claro, precisam ser melhoradas e incentivadas a desenvolver uma relação mais próxima e comunitária com as escolas. Mas isso não significa que mais polícia seja a resposta suficiente ao problema. 

    Voltando ao exemplo dos EUA, um estudo da ONG União Americana pelas Liberdades Civis apontou que 14 milhões de crianças e jovens americanos estudam em escolas com policiais, mas sem conselheiros, psicólogos, enfermeiros ou assistentes sociais. Por esse e outros motivos, a organização recomenda o fim do investimento federal em policiamento e o redirecionamento para programas de apoio social e emocional aos alunos.

    Trazer um grande aparato de segurança que torne as escolas parecidas com prisões não resolve. O principal investimento deve ser em identificar conflitos, bullying e lidar com eles, fortalecendo a estrutura escolar e a capacidade dos professores e equipe técnica para isso, além de trazer apoio para a saúde mental dos trabalhadores e estudantes. O envolvimento com grupos que incentivam o ódio nas redes sociais é outro elemento que marca o aumento desses episódios de violência, por isso, criar iniciativas que dêem condições para que pais e escola consigam fazer uma supervisão de uso sadio das plataformas pelos alunos é outra medida necessária.

    Também é importante que pais e familiares não entrem em pânico e tomem bastante cuidado com as fake news, porque não são todas as escolas brasileiras que estão sob ameaças. Ao receberem denúncias, é fundamental que os alunos ou responsáveis entrem em contato com a diretoria da escola para informar e saber a verdade sobre a suspeita, em vez de espalhar os boatos para outros pais. O Governo Federal criou um canal onde é possível fazer denúncias de indícios de ataques.

    Sobretudo, deve ser feita uma política pública de Educação que recoloque a escola num lugar de proteção e confiança. O investimento em segurança deve ser direcionado para ações de inteligência policial que investiguem as ameaças para prevenir novos casos.

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