Os Institutos Sou da Paz e Igarapé vêm a público repudiar as agressões proferidas pelo
deputado federal Eduardo Bolsonaro durante uma manifestação, em 9 de julho, de um
grupo que defende o armamento da população brasileira. O deputado, filho do presidente
da República, de maneira incompatível com o decoro exigido pelo cargo que ocupa,
ofendeu instituições que trabalham há décadas para promoção da segurança pública e do
controle responsável de armas e munições no Brasil.
O gesto vindo de autoridade pública, e proferido para um público que, majoritariamente,
possui amplo acesso a armas de fogo, fomenta a já alarmante violência política e tem
potencial de gerar ataques à atividade legítima da sociedade civil organizada, central para o
fortalecimento de uma democracia plural e inclusiva, e à integridade daqueles que nela
atuam.
Independentemente do contexto, é esperado de parlamentares eleitos e de todas as
pessoas que ocupam posições públicas e de liderança política responsabilidade e
comportamento condizente com o cargo que ocupam. Isso se torna ainda mais sensível no
atual momento do Brasil, em que o acirramento da extrema-direita e o incentivo à violência
já extrapolou o âmbito do discurso, levando a ações inadmissíveis de violência política,
como o ataque a dirigentes políticos, candidatos, comícios e eleitores, que têm se tornado
comuns no país. Neste cenário, os ataques à sociedade civil se tornam ainda mais graves e
inaceitáveis.
As ofensas não se restringiram à sociedade civil. Xingamentos a outros poderes da
República também foram proferidos, assim como ameaças de “expor” servidores públicos,
como delegados da Polícia Federal que se neguem a conceder portes de armas a pessoas
que não atendam requisitos legais ou constitucionais, o que claramente também põe em
risco estes servidores.
O país não pode mais aceitar o nível de violência e intolerância que certos segmentos da
sociedade têm trazido para o cotidiano do país. Ou se impõe o rigor da lei a essas posturas
irresponsáveis ou continuaremos a lamentar a morte de inocentes vitimados pelo
descontrole de quem não entende noções básicas de empatia, solidariedade e democracia.