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    NOTÍCIAS

    Número de lojas de armas cresce e de clubes de tiro se mantém estável um ano após primeiro decreto de armas de Lula

    27 de fevereiro de 2024 às 11:17

    Discurso apocalíptico da bancada da bala não se concretizou e segue sendo usado para tentar derrubar no Congresso decretos que restauraram política responsável de armas

    Logo após o decreto do Governo Lula que restringia o acesso a armas no país, em janeiro de 2023, houve forte reação da indústria de armas e parlamentares armamentistas. O principal argumento era de que a nova regulação destruiria milhares de empregos no setor e levaria à falência generalizada de empresários.

    “O que podemos antecipar é que dentro de menos de um ano, o setor deixa de existir por total asfixia econômica”, afirmou na época ao portal Metrópoles Marcos Pollon (PL-MS), deputado federal e fundador de uma das associações que se fortalecerem pelo apoio às medidas do governo Bolsonaro para aumentar o acesso a armas no país.

    Ao contrário das previsões, um ano após, as lojas de armas não só não diminuíram como apresentaram crescimento de 3% no país, no comparativo entre dezembro de 2022 e 2023, segundo dados inéditos do Exército obtidos pelo Institutos Sou da Paz via Lei de Acesso à Informação. Em algumas regiões o crescimento foi ainda mais expressivo. Na região militar que engloba os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo o aumento foi de 8%, enquanto em Minas Gerais foi de 6%.

    Lojas de armas com registro ativo
    RM20222023var 23/22 %
    1ª RM (RJ e ES)1581708%
    2ª RM (SP)4184252%
    3ª RM (RS)4654650%
    4ª RM (MG)2042166%
    5ª RM (PR e SC)7177231%
    6ª RM (BA e SE)1091166%
    7ª RM (PE, RN, PB e AL)150149-1%
    8ª RM (MA, PA e AP)2022177%
    9ª RM (MT e MS)2162327%
    10ª RM (CE e PI)62643%
    11ª RM (DF, GO, TO e Trig Mineiro)3453646%
    12ª RM (AM, AC, RO e RR)1631715%
    Total3.2093.3123%
    29%
    Entidades de tiro desportivo com registro ativo
    RM20222023var 23/22
    1ª RM (RJ e ES)1091101%
    2ª RM (SP)317307-3%
    3ª RM (RS)2602590%
    4ª RM (MG)236234-1%
    5ª RM (PR e SC)5205180%
    6ª RM (BA e SE)137136-1%
    7ª RM (PE, RN, PB e AL)169168-1%
    8ª RM (MA, PA e AP)1001022%
    9ª RM (MT e MS)1351350%
    10ª RM (CE e PI)63630%
    11ª RM (DF, GO, TO e Trig Mineiro)176175-1%
    12ª RM (AM, AC, RO e RR)86860%
    Total2.3082.293-0.6%

    Os clubes de tiro ficaram praticamente estáveis, com uma redução de apenas 0,6%, também contrariando as “previsões” da bancada da bala.

    Em março, o deputado federal também do partido de Bolsonaro Alberto Fraga afirmou em suas redes sociais que o decreto era “claramente ilegal” e que “o mercado está sofrendo com essa paralisação, muita gente fechando as portas, desempregos virão”.

    “Se fosse apenas um chute errado não seria tão grave, o problema é que os parlamentares têm usado este argumento para convencer as lideranças a derrubar as novas regras que trouxeram mais racionalidade e fecharam algumas brechas que estavam sendo usadas pelo crime organizado para obtenção de armas”, afirmou Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

    Na justificativa do PDL 15/23, de autoria do deputado Eduardo Bolsonaro, além da catástrofe econômica, é alegado que o decreto traria um risco ao tiro esportivo.

    “Os impactos da política desarmamentista do governo LULA vão além do desemprego de mais 3.2 milhões de brasileiros que depende do setor para sobreviver, além de representar um grave risco ao fim de um esporte praticado a mais de 102 anos”.

    Mesmo com argumentos sem embasamento, a bancada da bala conseguiu convencer em dezembro o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira a colocar na pauta um requerimento de urgência para votação de decretos legislativos que tentam derrubar os decretos do Governo Lula. O requerimento foi derrotado, mas deputados armamentistas ainda têm insistido em reavivar esses projetos.

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