De janeiro a novembro deste ano, quase 189 mil novas armas foram registradas. Os estados com o maior número de armas registradas foram São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Em 2021, o número de novas armas de fogo cadastradas pela Polícia Federal foi o mais alto dos últimos 13 anos.
Jamais o Brasil se armou tanto, e em tão pouco tempo. De janeiro a novembro deste ano, a Polícia Federal registrou quase 189 mil novas armas de fogo. Os dados de dezembro nem estão fechados.
O novo recorde confirma a tendência de alta nesses números desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. Naquele ano, o número de novos registros saltou de 51 mil para 94 mil armas, um crescimento de 84%.
Em 2020, foram mais de 177 mil novas armas. Este ano, mesmo sem o mês de dezembro, o índice já é 6,2% maior do que todo o ano passado.
O Exército também confirmou um número expressivo de novas armas. Cabe aos militares controlar armas compradas por caçadores, atiradores e colecionadores – os chamados CACs – e profissionais das Forças Armadas e de segurança para uso pessoal. Até novembro, foram mais de 260 mil novos registros.
Somados aos dados da PF, são quase 450 mil novas armas em circulação no Brasil só em 2021. Chama a atenção o fato de que mais de 143 mil dessas novas armas pertencem a cidadãos comuns. Os estados com o maior número de armas registradas foram São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
O aumento da circulação de armas, estimulado pelo governo federal, teve outros reflexos: o surgimento de mais lojas de armamento e munição e de clubes de tiro. Até o fim do mês passado, o Exército havia autorizado a abertura de 1.709 lojas e clubes.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ribeiro, lembrou que, desde 2019, o governo Bolsonaro já publicou 38 normas para facilitar o acesso a armas, e disse que essa política armamentista se reflete nos índices de criminalidade.
“78% das mortes violentas no Brasil são praticadas com armas de fogo. Isso é muito maior. A média mundial é de 40%. Então, aqui se morre muito mais por arma de fogo do que em outros países. Existe um risco real de armas legais migrarem para um mercado ilegal. Essas armas podem ser desviadas voluntariamente, podem ser roubadas, podem ser furtadas”, afirma.
Este ano, ministros do STF suspenderam várias mudanças na legislação que partiram do governo Bolsonaro e que não precisavam passar pelo Congresso Nacional. Por exemplo, uma portaria que dificultou o rastreio de armas e munições e também decretos que facilitaram a posse de arma.
O julgamento definitivo sobre a validade dessas normas foi suspenso em setembro, quando o ministro Nunes Marques pediu vista – ou seja, mais prazo para analisar o assunto.