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    NOTÍCIAS

    Globonews e G1 | Taxa de homicídio de homens negros no Brasil é quase 4 vezes maior do que a de não negros, aponta estudo

    19 de novembro de 2022 às 05:00

    Índice de assassinatos por 100 mil habitantes em 2020 no país entre negros foi de 51; entre não negros, taxa foi de 14,6, segundo estudo realizado pelo Instituto Sou da Paz.

    Reportagem publicada pela Globonews e G1 (clique para acessar o texto original) sobre o relatório   “Violência Armada e Racismo: O Papel da arma de fogo na Desigualdade Racial”, lançado pelo Instituto Sou da Paz.

    A taxa de homicídios por 100 mil habitantes de negros em 2020 no Brasil foi de 51, número quase quatro vezes maior do que a de homens não negros (14,6), de acordo com a segunda edição do relatório Violência Armada e Racismo, estudo do Instituto Sou da Paz obtido com exclusividade pela GloboNews.

    O estudo tem como base dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    A pesquisa leva em conta os assassinatos por arma de fogo registrados em 20 regiões metropolitanas e sete capitais do país. Foram analisadas informações dos 26 estados do Brasil e do Distrito Federal.

    Por utilizar a classificação do IBGE como parâmetro, neste estudo, “negros” é um grupo representado pela soma de pretos e pardos. A parcela de “não negros” é constituída, em sua maioria, por brancos, mas inclui todas as demais cores ou raças, como amarela e indígena. O IBGE pesquisa a cor ou a raça da população brasileira com base na autodeclaração.

    Procurado para comentar o estudo, o Ministério da Justiça não se manifestou.

    De acordo com o levantamento do Instituto Sou da Paz, apesar de, nos últimos anos, o total de assassinatos no país estar em queda em relação ao pico registrado em 2017, a discrepância entre as taxas de assassinatos de negros e de não negros se mantém.

    Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios dos negros foi 2,7 maior do que a de não negros. Em todos os anos de 2017 para cá, essa discrepância se manteve na proporção de 3 para 1.

    Taxa de homicídios por arma de fogo no país

    Homens negros:

    • 2016: 73,9
    • 2017: 82,8
    • 2018: 68,8
    • 2019: 46,3
    • 2020: 51

    Homens não negros

    • 2016: 26,9
    • 2017: 26,3
    • 2018: 21,5
    • 2019: 14,6
    • 2020: 14,6

    Em 2020, 11.939 homens negros foram mortos com armas de fogo nas regiões metropolitanas e capitais do país pesquisadas; 2.558 homens não negros foram assassinados no mesmo período.

    Segundo a pesquisadora Cristina Neme, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz e uma das autoras do estudo, esse índice de assassinatos por arma de fogo de homens negros muito maior do que aqueles sofridos por não negros é uma decorrência do racismo estrutural.

    “Essa mortalidade violenta à qual a população negra está submetida é consequência do racismo e acaba também reforçando, ao vitimar mais essa população, a situação de vulnerabilidade em que ela se encontra. A gente precisa interromper esse ciclo, que se mantém no país.”

    Ainda de acordo com o estudo, em 2020, “a violência armada respondeu por 73% dos homicídios de pessoas negras e por 65% dos homicídios de pessoas não negras”.

    Controle de armas

    Para Cristina Neme, uma das políticas públicas que devem ser implementadas para mudar a realidade evidenciada pelo relatório é reforçar o controle e a fiscalização da circulação de armas de fogo no Brasil.

    “Nós tivemos uma política de descontrole de armas nos últimos anos, isso aumentou o número de armas em circulação na sociedade de forma irresponsável e a gente precisa reverter esse quadro agora, promovendo o controle e a fiscalização desse arsenal, de armas e munições, que foram disponibilizadas na sociedade brasileira. Uma política responsável de controle de armas é fundamental também para enfrenar a situação de violência que acomete a sociedade brasileira e, especialmente, as pessoas negras”.

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