Profissionais da socioeducação, sistema de justiça, jovens e seus familiares participaram da construção da metodologia e da experiência de implementação do fórum intersetorial com foco na temática das medidas socioeducativas
O Instituto Sou da Paz lançou na última quinta-feira (28) a cartilha Fórum de articulação Intersetorial, relato de uma experiência e apresentação de metodologia: Fórum MSE Fó/BR e um audiodoc durante o primeiro encontro do Fórum de Medidas Socioeducativas Freguesia do Ó e Brasilândia (MSE Fó/BR) deste ano. As publicações apresentam uma proposta metodológica de criação e manutenção de espaços de articulação de vários setores para a efetividade de políticas públicas.
O Fórum de MSE Fó/BR é uma rede formada por representantes de instituições ligadas à educação, cultura, saúde, assistência social, Conselhos Tutelares e sistema de justiça na busca da garantia de direitos de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. A partir das experiências e princípios norteadores deste espaço, fomentado pelo Instituto Sou da Paz, as publicações visam incentivar a criação de outras redes de articulação. Dessa forma, o relatório e o audiodoc trazem uma sistematização das medidas adotadas e pensadas pelo coletivo durante o decorrer dos encontros do Fórum, auxiliando na criação e manutenção de outras experiências de articulações em rede intersetorial.
O Fórum realizou diversas ações ao longo dos seus cinco anos de existência, favorecendo a ampliação do diálogo entre a Fundação CASA e os programas executores das medidas socioeducativas em meio aberto e demais secretarias intersetoriais e, também realizou encontros formativos para os jovens, familiares e profissionais, com o objetivo de qualificar o debate sobre as medidas e o atendimento prestado aos jovens. Durante a pandemia, a rede também criou o podcast Papo Nosso, que pauta as dificuldades que os jovens que estavam cumprindo as medidas socioeducativas enfrentaram durante e depois do período pandêmico.
“As ações realizadas pelo Fórum, bem como suas instâncias de gestão, são baseadas em relações horizontais com divisão de tarefas e responsabilidades, construção participativa, colaborativa, democrática e avaliação continuada. Esse relatório condensa experiências de mobilização e articulação que podem ser usadas como inspiração para outros grupos”, relata a analista de projetos do Instituto Sou da Paz, Vanessa Alves.
“A rede estabeleceu um lugar favorável para o diálogo e construções colaborativas sobre o atendimento socioeducativo, pensando em propostas e soluções para demandas apresentadas que qualificam e direcionam as ações institucionais, e são levadas, quando necessário, para tomadores de decisões. Além de ser um espaço onde as vozes de jovens e seus familiares foram consideradas”, explica a coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Danielle Tsuchida.
“A rede e a fundação compreende os adolescentes como indivíduos, impactados pelo todo, entendendo que esses jovens precisam ter suas necessidades atendidas, tanto na escola, trabalho e vida social” comentou no evento Tatiana Lima, pedagoga na Fundação CASA. “Desse modo, a articulação em rede que o Fórum propõe é importante para que a Fundação CASA se aproxime das pessoas que estão na ponta e que acolhem os adolescentes que estão no pós-cumprimento de internação da medida socioeducativa”, diz.
Instituto Sou da Paz segue no Fórum de MSE FÓ/BR, e se despede da coordenação
O Fórum de MSE FÓ/BR surgiu a partir de um projeto do Sou da Paz, financiado pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD), que buscava dialogar e trazer possibilidades de um melhor atendimento das necessidades dos adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas e seus familiares. A implementação, que inicialmente teria a duração de apenas um ano, provou-se tão eficaz que o espaço foi continuado e completou cinco anos no final de 2023. A equipe do Sou da Paz que compunha as equipes de gestão, contudo, anunciou seu desligamento destas funções no Fórum na última reunião. O espaço de articulação segue suas atividades sendo regidas pelos atores sociais e instituições envolvidos na gestão.
“Nós estamos felizes por podermos participar ativamente da gestão das ações do Fórum durante esses cinco anos, e agora ‘passamos esse bastão’. Torcemos para que o Fórum continue sendo um espaço efetivo de articulação e de propostas de melhorias para o atendimento e acolhimento dos adolescentes e seus familiares”, deseja Vanessa.