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    Crusoé | Carolina Ricardo: “Câmeras ajudam a profissionalizar a polícia”

    7 de junho de 2024 às 12:25

    A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz afirma que o uso desses dispositivos nas fardas melhorou a relação entre os agentes de segurança e a população

    Entrevista publicada pela Crusoé (clique para acessar texto original)

    Aadvogada e socióloga Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, acredita que as câmeras corporais melhoram o trabalho dos policiais ao estabelecer uma relação de confiança entre a população e os agentes da força pública.

    Para o Crusoé Entrevistas, ela afirmou que o Brasil já tem estudos científicos e bem estruturados para avaliar as experiências com as câmeras nos estados de São Paulo e em Santa Catarina.

    Em Santa Catarina, as evidências mostram que o uso de câmeras aumentou a confiança na polícia. Melhorou a relação entre polícia e a sociedade, porque o fato de essa interação estar sendo filmada faz com que, de ambos os lados, haja uma melhora no comportamento. Em Santa Catarina, vimos uma diminuição no uso da força. Os protocolos tendem a ser mais respeitados e há uma melhora na postura tanto de policiais quanto das pessoas que estão sendo abordadas“, diz Carolina. “Em São Paulo, o uso das câmeras corporais, aliado a outras medidas, ajudou a reduzir a letalidade da polícia.”

    Segundo a advogada, as câmeras levaram a uma obediência maior aos protocolos, que são ações que os policiais devem tomar em cada tipo de situação. Com isso, houve também uma redução nas mortes de policiais durante o serviço, pois eles se arriscam menos.

    Como a câmera permite uma leitura adequada da situação, mesmo à distância, é possível enviar ajuda a policiais que estão em uma situação arriscada. A ajuda pode se dar na forma do envio de um helicóptero ou de carros, que levam mais tempo. “Isso pode salvar a vida de um policial que sofreu um disparo por arma de fogo“, diz ela.

    Carolina admite que há certa resistência dentro das forças de segurança em relação ao uso das câmeras corporais, mas cita uma pesquisa da Polícia Rodoviária Federal, que mostrou que 74% dos seus integrantes veem o equipamento como algo útil.

    Outra consequência interessante é que houve um aumento na notificação dos casos de violência doméstica em São Paulo e em Santa Catarina.

    Muitas vezes, os casos de violência doméstica são brigas entre casais, em que a mulher chama a polícia. Em muitos casos, o policial faz uma mediação e o caso nem é reportado. Mas, mesmo que a situação tenha sido apaziguada, esse dado precisa ser reportado naquele momento“, diz Carolina. “Quando o caso é filmado, é mais difícil o policial mediar e não registrar. Então o uso da câmera reforça a necessidade de registrar um boletim de ocorrência.”

    Carolina também reclama da politização do uso das câmeras. Em um evento realizado no interior de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que quer “uma população segura, e não um policial vigiado“.

    Segundo a advogada, é errado acreditar que o aumento da segurança tenha relação com a redução no controle da atividade policial. “Essas não são coisas contraditórias, mas complementares. A câmera não serve para controlar o policial. A câmera ajuda a profissionalizar a polícia“, diz Carolina.

    Assista à entrevista com Carolina Ricardo na íntegra, abaixo:

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