Evento do Sou da Paz reuniu representantes de Desarmes, Ministério da Justiça, Exército e Ministério Público para fortalecer o trabalho de investigação do tráfico de armas
Mais de 70% dos homicídios no Brasil são cometidos por armas de fogo, cenário que é agravado pela dificuldade no rastreamento de armamentos e munições desviadas do mercado legal para o ilegal. Sendo assim, o controle de armas, o enfraquecimento do crime organizado e o combate ao tráfico de materiais bélicos é um desafio importante para a segurança pública nacional. No intuito de fortalecer o trabalho de delegacias especializadas nesse tipo de crime, o Instituto Sou da Paz realizou, nos dias 6 e 7 de maio, o encontro “Práticas de enfrentamento do tráfico de armas no Brasil”.
O evento reuniu representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Exército Brasileiro, Ministério Público de São Paulo, da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL), do departamento de investigações criminais do estado de São Paulo, das Polícias Científicas e das delegacias especializadas em tráfico e controle de armas.
As delegacias especializadas na investigação de armas, munições e explosivos, conhecidas como Desarmes, são frentes importantes de enfrentamento ao tráfico de materiais bélicos. Atualmente, Ceará, Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os únicos estados que contam com a presença de Desarmes. Por meio do trabalho de prevenção, investigação e repressão qualificada realizado por essas organizações, é possível enfraquecer e reduzir o poder de fogo do crime e garantir segurança pública.
“O encontro criou redes de troca de informação e de construção de inteligência, dessa forma fomentamos melhores investigações”, destaca Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. “Saímos do evento com recomendações muito práticas para melhorar a integração de informação, para criar contato entre essas polícias, para pensar em operações integradas e, assim, contribuir efetivamente para diminuir as armas e munições nas mãos dos criminosos”, comenta.
Ao longo dos dois dias, houve a aproximação entre as equipes dos estados e trocas de conhecimentos com as instituições de justiça e segurança. Para Gabriella Oliveira, coordenadora de projetos do Sou da Paz, o evento evidencia que o controle de armas é uma política fundamental para tirar os materiais bélicos das mãos do criminoso.
“Esperamos para o futuro dessas Desarmes uma atuação cada vez mais integrada, fortalecendo a intersetorialidade nas investigações. Esse encontro é um marco importante, que pode incentivar outros estados a também institucionalizarem suas próprias Desarmes e ampliar a rede de enfrentamento do tráfico de armas no Brasi”, diz Gabriella.