São Paulo, 14 de agosto de 2015 – As chacinas ocorridas ontem em Osasco e Barueri deixaram ao menos 19 pessoas mortas e sete feridos. Trata-se de um dos crimes mais graves para a segurança pública, que vitima o público mais vulnerável, morador das periferias de São Paulo. Causa terror, gera indignação e tira vidas de maneira extremamente covarde.
Dados oficiais obtidos pelo Instituto Sou da Paz indicam que o número de chacinas registradas na capital paulista dobrou no primeiro semestre de 2015 e o total de vítimas triplicou em relação ao mesmo período de 2014. Ainda que não tenha havido aumento significativo nos registros de chacinas no Estado, é preciso ficar atento a esse aumento na Capital.
O Secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou que as mortes serão apuradas e detalhou os passos que investigadores já tomaram para esclarecer as circunstâncias das mortes. Esse comprometimento com o processo investigativo de homicídios é um importante passo, mas não será suficiente se esse movimento tratar o problema como caso isolado. A sociedade precisa conhecer o desfecho dessa e de outras investigações de chacinas com a maior brevidade possível.
A maior redução dos homicídios no Estado de São Paulo se deu quando foi priorizada a repressão aos grupos de extermínio e chacinas. O número de mortos – potencialmente causado por um mesmo grupo – é assustador e precisa de uma resposta rápida para este caso pontual e de medidas estruturantes e preventivas para que outros eventos como este sejam banidos definitivamente da rotina de São Paulo.
O Instituto Sou da Paz tem acompanhado com atenção a produção de estatísticas criminais no Estado. Infelizmente, dados sobre chacinas não são disponibilizadas com regularidade pela Secretaria de Segurança e os diferentes Departamentos da Polícia Civil adotam critérios distintos para classificarem um episódio como chacina. De fato, enquanto o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da capital trata como chacinas ocorrências com pelo menos três vítimas fatais, na grande São Paulo e interior também são incluídos no rol de chacinas os episódios com três vítimas, fatais ou não fatais. É preciso padronizar esse entendimento para que tenhamos o correto diagnóstico do crime e, assim, possamos combate-lo de modo eficaz.
Por fim, as chacinas de Osasco e Barueri são acontecimentos que mancham a história de São Paulo. Tornam-se ainda mais preocupantes caso a suspeita do envolvimento de membros das forças de segurança se confirme.
Se não quisermos que São Paulo retroceda ao verdadeiro terror proporcionado pelas recorrentes chacinas dos anos 90, é preciso priorizar o esclarecimento destes crimes de maneira célere e criteriosa, a fim de inibir a atuação dos grupos organizados responsáveis por realiza-los e evitar que continuem atuando.