O Sou da Paz acredita que a escola tem uma posição estratégica nas ações inclusivas e preventivas. Por este motivo, criou o Projeto Construindo Pontes, iniciativa que visa facilitar a comunicação e participação democrática em escolas do distrito da Brasilândia, bairro da zona norte de São Paulo.
As “pontes” do projeto foram construídas com base em três eixos metodológicos: supervisão com professores mediadores escolares e comunitários (PMEC), grupos de reflexão e discussão com alunos e formação para professores. O formato de cada metodologia é desenhado em conjunto com alunos e equipes pedagógicas pois, “apostamos em ações estratégicas considerando as potencialidades, os desafios e as possibilidades de cada escola”, comenta Rodrigo Pereira, coordenador da Área de Prevenção do Instituto.
No primeiro semestre de 2016 o projeto colheu seus primeiros resultados positivos. Nos grupos com os alunos, por exemplo, promoveu espaços nos quais estes poderiam expressar suas vozes, “e saber quais os conflitos vividos dentro e fora da escola foi essencial para atuar com os adolescentes”. Nestes encontros, o posicionamento dos alunos frente à necessidade de a relação com os professores ser repensada foi recorrente, “e o interessante é que, em paralelo, na supervisão que fizemos com os professores mediadores, discutíamos dúvidas sobre como lidar com a indisciplina dos alunos, fosse os que cumpriam medidas socioeducativas ou não”. Preconceito, racismo e violência policial, temas trazidos pelos jovens, também eram destaques nas discussões.
O coordenador da área de prevenção conta, ainda, que, ao longo dos encontros, os alunos passaram a fazer sugestões de melhorias dentro da escola, como a criação do grêmio estudantil e a transformação da biblioteca, local que, após a atuação dos adolescentes, passou a ser mais frequentado por alunos e professores. “Construímos, em conjunto com alunos e professores, reflexões que poderiam propiciar vivências alternativas para os ciclos de violência institucional. Em alguns casos, a transformação saiu dos muros da escola e passou a protagonizar a vida de alguns dos participantes do Projeto”, finaliza Pereira.
O projeto avança no próximo semestre com a perspectiva de atuação em mais escolas a partir de 2017.
DEPOIMENTOS
Veja os depoimentos de alunos e professores participantes do projeto Construindo Pontes:
“Com o Sou da Paz aprendemos a ouvir a opinião e o ponto de vista de cada um. Aprendemos a debater entre nós até chegarmos a um acordo que seja do agrado de todos, tivemos muitas ideias sobre como poderíamos ter um lazer apropriado dentro da nossa escola, e as maneiras de como seria realizado. Muitos jovens da periferia possuem uma visão aberta sobre a vida e ideias ótimas, mas nem todos sabem se expressar da maneira culta, o que os prejudicam bastante, e souberam nos ouvir e nos instruir sobre como colocar nossas ideias em ordem, como conversar com pessoas mais importantes do nosso meio, como os diretores da escola. Tenho certeza que cada um que participou de uma das reuniões do projeto, vai levar algum aprendizado para a vida, pois como eu já disse, aprendemos a analisar a situação, opinar, saber ouvir e concordar com a opinião dos nossos colegas. Foi uma experiência muito construtiva e legal, adoraria que todos da escola e da região ficassem sabendo desse projeto e participassem de alguma maneira também”.
Aluna com 15 anos, estudante do 1º ano do ensino médio.
“Gosto demais da abordagem da equipe. O olhar ‘humano’ para os educandos e a empatia com os profissionais envolvidos. Sou fã do projeto!”
Professor do ensino médio de escola participante
“O que aprendi com os grupos serve para nossa vida social, na realidade, pra nossa vida toda, porque trouxe mais paz para poder desabafar com as pessoas, expor nossa opinião e ouvir as opiniões”.
Aluno com 16 anos, estudante do 1º ano do ensino médio.
“A oportunidade de compartilhar sobre a realidade da escola e seu entorno com pessoas que não vivenciam a mesma e, portanto, tem um olhar diferenciado, muitas vezes nos faz perceber que a solução para diversas situações estão ali, à nossa frente. Penso que nesse sentido o projeto tem nos ajudado bastante”.
Professor do ensino médio de escola participante