O Instituto Sou da Paz vê com enorme preocupação a medida do Governo Federal de zerar o imposto de importação de armas de fogo. Essa medida, por si só, não faria sentido considerando que outros produtos muito mais essenciais são taxados na sua importação e a situação econômica do país não enseja esse tipo de medida.
O presidente da República, ao afirmar em seu Twitter que o governo brasileiro zerou impostos de importação de 509 produtos para o combate à Covid-19, como medicamentos contra o câncer, equipamentos de energia, arroz soja e milho, equipara as armas de fogo a tais produtos. Ora, não existe qualquer relação em isentar a importação de armas e fogo e o controle da pandemia. A flexibilização ao acesso a armas de fogo é apenas uma prioridade e um compromisso pessoal do presidente que em nada contribui para o enfretamento da crise sanitária. Quem ganha, certamente não é população, mas outros interesses que se beneficiam de tamanha flexibilização.
Além disso, o país vive a segunda onda da pandemia do coronavírus. São quase 200 mil brasileiros mortos e uma série de desafios para adaptar políticas públicas para a economia, a educação, a saúde, entre outros. Em meio a tudo isso, é lamentável que o governo dedique seus esforços e abra mão de receitas que poderiam ser investidas em serviços públicos para, novamente, beneficiar um pequeno grupo de apoiadores armamentistas fartamente favorecidos por suas medidas. Desde janeiro de 2019, já são mais de 20 atos normativos deste Governo Federal que facilitaram enormemente o acesso a armas e munições.
É urgente que o presidente da República se porte como um verdadeiro líder e se lembre de seu compromisso de governar para todos os brasileiros e brasileiras e em prol do interesse coletivo deste país, e não apenas para a minoria da população que tem algum interesse e recursos financeiros para ampliar ainda mais a compra de armas.