Por Vivian Reis, do G1
Os roubos da modalidade “saidinhas de banco” cresceram 171% em todo o estado de São Paulo entre 2016 e 2015, de acordo com o último Boletim Sou da Paz Analisa, divulgado nesta sexta-feira (5). O estudo sobre roubos no estado indica que os resultados foram mistos, com redução de roubos de veículos, mas aumento no número de roubo de carga.
O levantamento do Instituto Sou da Paz se debruça sobre a evolução da categoria “Roubos Outros” em São Paulo em 2016, que inclui dez modalidades, como “saidinhas de banco”, roubos de carga, de residência, lojas, bancos, pedestres e veículos, com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, pelas Corregedorias das Polícias Civil e Militar do Estado, além de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Entre as modalidades de “roubo (outros)” aquela que apresentou maior aumento foi a “saidinha de banco”, que em 2015 foi registrada 363 vezes nas delegacias do estado e em 2016 foram 986.
Uma das pesquisadoras do instituto, Ana Carolina Pekny, aponta que apesar do aumento dos números, ainda não é possível afirmar se este tipo de crime realmente se tornou mais frequente ou se o ano de 2015 é que foi atípico.
“Começamos a produzir estes relatórios em 2014, então ainda não temos o registro de toda uma série para afirmar qual ano foi atípico, se 2015 ou 2016”, explica a pesquisadora”. “Fato é que em 2016, São Paulo teve 323 mil roubos, o maior número de sua história, sem contar o roubo de veículos, que é feito em um cálculo à parte. Então, quase todas as modalidades aumentaram”, continua.
Roubo de carga
Além do aumento significativo dos registros de “saidinha de banco”, o roubo de carga cresceu 11,9% no estado (ver tabela acima). Paralelamente, o “roubo de veículos”, que compõe outra categoria, caiu 0,9% no estado de São Paulo no mesmo período.
“O roubo de veículos vem caindo no estado desde 2015 por causa da Lei dos Desmanches, que regulamentou a atividade e mexeu com a cadeia deste tipo crime, não só de um jeito pontual”, explica Ana Carolina. “A melhoria do cenário neste segmento aponta que para reduzir os roubos de carga é importante pensar em medidas que ataquem a sua dinâmica com soluções específicas, examinando quem recebe a carga roubada, por exemplo”, avalia.
A categoria que apresenta o maior volume de ocorrências em todo o estado é “roubo a transeunte”, tendo sido registrados 227.289 casos no último ano, 53% do total da categoria “roubo (outros) ”.
“Existem muitas hipóteses para tentar explicar o motivo pelo qual o roubo a pedestres é o mais recorrente nos boletins de ocorrência, mas provavelmente está relacionado ao fato de que envolve muitos tipos de objetos, como celulares e carteiras”, explica a pesquisadora Ana Carolina Pekny.
Latrocínio
Apesar da sensação de insegurança em toda a sociedade em relação aos roubos, eles só terminaram com morte da vítima em 0,09% dos casos, tanto em 2015 quanto em 2016. Um em cada 125 mil habitantes foi vítima de latrocínio em ambos os períodos analisados.
“O que pode explicar a baixa letalidade dos roubos em São Paulo é a proibição da circulação de armas de fogo. Na Capital, por exemplo, os números do latrocínio variam bastante entre as regiões, com maior incidência nas periferias das zonas Leste e Sul”, pontua a pesquisadora Ana Carolina Pekny.
Na Grande São Paulo, chama a atenção a redução significativa dos roubos seguidos em morte em Guarulhos, que caíram de 18 em 2015 para 5 em 2016. Santo André, por outro lado, teve incremento dos números, passando de 1 para 7 roubos letais.
No Interior do Estado, os latrocínios dispararam em São José do Rio Preto, que passou de 3 para 14 mortes, e em São José dos Campos, que passou de 17 para 25 mortes entre 2015 e 2016.
“É difícil dizer porque os números dessas cidades aumentaram, mas são regiões onde aumentaram os homicídios também, o que revela um problema mais amplo nessas duas regiões relacionado à violência letal”, afirma a pesquisadora.
O perfil das vítimas fatais também quase não variou no período analisado: há prevalência de vítimas do sexo masculino, que representaram 84% do total em 2015 e 87,3% em 2016. O instituto avalia que a predominância de homens entre as vítimas pode estar relacionada à reação.