A data do principal exame vestibular do país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), está chegando, assim como outras provas que permitem o acesso às universidades brasileiras. Compreender a situação do país é essencial para a realização das provas, o que inclui acontecimentos e informações relacionados à segurança pública.
O Instituto Sou da Paz se dedica a apoiar a construção de políticas de segurança pública mais eficientes e produz pesquisas e análises sobre o tema. Informações produzidas a partir desse trabalho já caíram em provas como a do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) e do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e podem cair novamente nos próximos exames. Pensando nisso, separamos alguns fatos que podem te auxiliar na hora de prestar o vestibular.
A arma de fogo é o principal motor da violência no país
No Brasil, 47,5 mil pessoas foram assassinadas em 2022 e o uso de armas de fogo foi responsável por 3 em cada 4 assassinatos, ou seja 75,6% deles. E a circulação desenfreada de armas contribui para o crescimento do número de vítimas dessa violência. Nos últimos meses, uma série de ataques armados aconteceu em escolas do país, sendo esses casos os mais fatais e destrutivos. Essa alta tendência de ataques começou a tomar força em 2019, ano em que se iniciou a flexibilização do porte. Vale lembrar que de 2019 em diante, discursos de ódio ganharam força e acabaram impactando negativamente diversos espaços. Conheça nosso levantamento sobre o perfil dos ataques a escolas nos últimos 20 anos
Número recorde de armas é um risco à segurança e alimenta o crime
Uma pesquisa do Instituto Sou da Paz revelou que um o maior percentual de armas e munições registradas legalmente foram parar nas mãos do crime entre 2019 a 2022, após o número de armas vendidas para civis triplicar e chegar a 3 milhões. Nesse período, a apreensão de fuzis subiu 50% em São Paulo e 16% no Rio de Janeiro e de pistolas 31% no estado paulista e 32% no estado fluminense. A migração de armas para o mercado ilegal reflete nos índices de violência armada, que afeta principalmente mulheres, população negra, indígena e LGBTQIA+.
Na campanha Caneta Gatilho, o Instituto Sou da Paz alertou sobre como as alterações na legislação nos últimos quatro anos fez explodir o volume de armas em circulação e produziu impactos negativos na segurança pública. Conheça a campanha e leia mais sobre este assunto.
Letalidade policial contra jovens negros é mais um indicador do racismo estrutural
No estado de São Paulo, 63% das vítimas de letalidade policial são pretas e pardas, segundo o Relatório Vidas Protegidas, do Comitê Paulista Pela Prevenção de Homicídios na Adolescência 2022. Essa violência desproporcional contra a população negra é um indicador do racismo estrutural da sociedade brasileira.
A adoção de câmeras acopladas nos uniformes policiais contribuem para a diminuição da letalidade da juventude negra. Até o final de 2022, a letalidade policial caiu no estado de São Paulo, quando a política de câmeras foi adotada. Elas contribuíram para reduzir as mortes de policiais e também as causadas por agentes, especialmente das vítimas entre 15 e 24 anos.
Milhares de homicídios ficam sem esclarecimento todos os anos e alimentam ciclo de impunidade
O Brasil esclarece apenas 37% dos homicídios, isso significa que mais da metade dos casos do país seguem impunes. Até o final de 2020, estados como Rio de Janeiro, Amapá e Bahia possuíam os piores índices de esclarecimento de homicídio. O RJ ocupa a pior posição no ranking, com apenas 19% dos casos esclarecidos. O Instituto Sou da Paz defende que o Brasil precisa de um indicador nacional de homicídios. Leia mais na última edição da nossa pesquisa Onde Mora a Impunidade.
Brasil tem milhares de pessoas com direitos violados pelo encarceramento em massa
Ao mesmo tempo que os crimes contra a vida não têm os autores identificados e responsabilizados, as prisões por pequenas quantidades de drogas são apontadas como uma das causas principais da superlotação das prisões no país.
A população carcerária no Brasil é de 700 mil pessoas presas, para 371 mil vagas. 30% delas são presos provisórios, que ainda não receberam julgamento, como destaca a Rede de Justiça Criminal, com dados do CNJ.
Além disso, muitas foram presas injustamente e estão impedidas de acessar os direitos que não deveriam ser negados, mesmo enquanto cumprem pena de restrição de liberdade. Na série de publicações #PrisõesInjustas, que produzimos em nossas redes sociais, é possível saber mais.
Já nos segue nas nossas redes sociais? Instagram | Facebook | Twitter/X | Linkedin