“Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde! Se ficar de ‘caozada’, a porrada come!”
Os versos aparentemente inofensivos da funkeira MC Beyoncé são só um exemplo de vários refrãos cantarolados por milhares de jovens que muitas vezes nem se dão conta da mensagem que estão passando adiante.
Foi para discutir conteúdos violentos como esse que o projeto Paz em Atitude reuniu 19 jovens entre 16 e 18 anos na Brasilândia, zona norte de São Paulo. A 2ª edição do projeto, iniciada em agosto deste ano, foi encerrada na última semana com a produção de um clipe feito pelos próprios alunos.
“Debater valores com jovens é um desafio posto por educadores de diversas áreas, inclusive a escola. A questão é como fazer isso sem cair em um discurso moralizante, de um modo que faça sentido para o jovem”, afirma Cainan Baladez, coordenador do projeto.
O grupo estudou letras de diversos gêneros musicais como rap, funk e pop internacional. “Analisar o princípio, ação e finalidade das músicas foi das etapas mais importantes do curso. Sempre me incomodei com letras que insultam as mulheres, e muitas meninas nem percebem a violência que estão ajudando a reforçar” afirma a estudante Mayara Oliveira Amaral.
Batida perfeita
A música “Batida perfeita” é baseada nas discussões que o grupo teve sobre a reprodução de comportamentos violentos expressos nas músicas, como o poder de status de jovens que entram para o crime e a desvalorização da mulher.
Além das conversas e exercícios, os jovens tiveram aulas práticas de filmagem para produzir o videoclipe, gravado em dois dias na Brasilândia. “Toda música quer passar uma mensagem, e a nossa é de respeito. Compor em grupo não foi fácil, mas respeitamos todas as opiniões pra tudo dar certo. Além disso, manusear câmeras e equipamentos de iluminação pra produzir o clipe foi uma experiência muito legal”, afirma o estudante Washington Silva de Azevedo.
Veja abaixo o making of com entrevistas e fotos da gravação: