Reportagem publicada pelo Diário de São Paulo em 6 de maio de 2013:
(foto: Alan Morici/Diário SP)
por PLÍNIO DELPHINO
“A nossa prioridade é a nossa comunidade. Aqui, crianças e idosos vêm em primeiro lugar”, diz o sargento Wilson Jorge dos Santos, de 37 anos. Ele coordena o programa de polícia comunitária na base da Praça Rotary, localizada em Santa Cecília, no Centro de São Paulo, há sete anos. A equipe formada por 15 policiais militares (metade dela com formação de nível superior) venceu, no mês passado, a quinta edição do Prêmio de Polícia Cidadã do Instituto Sou da Paz e ganhou R$ 20 mil. É a segunda vez que a base Rotary ganha a premiação, criada em 2003 para incentivar e reconhecer as boas práticas policiais. “Muitos conhecem a polícia que não se quer. Queremos mostrar a polícia que dá certo”, disse a diretora do Instituto Sou da Paz, Melina Risso.
Nas 18 ruas que perfazem dois quilômetros quadrados e onde habitam 20 mil moradores, os policiais identificaram sua comunidade, com muitos idosos, crianças e enfermos — na área está instalada a Santa Casa de Misericórdia, que recebe entre 18 mil e 20 mil pessoas ao dia, segundo o sargento. “Aqui aplicamos cerca de mil multas ao mês, em média. São os que desrespeitam vagas para deficientes e idosos”, explica.
A base já recebeu policiais de outros países da América Latina para ensinar a atuação da polícia comunitária e tem parceria com a polícia japonesa.
Futebol
O programa da base inclui atividades com futebol envolvendo 25 meninos de 10 a 16 anos. “Muitos não têm pais ou têm problemas familiares. Nós os abraçamos pensando no futuro. O problema não está no ladrão de hoje e sim em como tratamos as crianças de hoje.”
O designer gráfico José Carlos Luiz, de 70 anos, disse que a base tornou o bairro um melhor lugar para se viver. “A praça era tomada por prostituição, furtos e vandalismo. Hoje, as crianças brincam, fazem esporte e vão à biblioteca. Ainda se furta, mas é bem menos.” Pela manhã, os policias militares visitam as casas e colhem informações.
Alunos do Barro Branco fazem pesquisa criminal para agir
O Grêmio de Policiamento Inteligente em Análise Criminal, da Academia do Barro Branco, foi o segundo colocado no prêmio. Formado em 2012 por 20 alunos oficiais, o grêmio detectou a necessidade de entender a realidade dos locais para onde os alunos eram designados a ir para apoiar o policiamento.
“Começaram, então, a receber treinamento para utilização do banco de dados da polícia e iniciaram trabalho de pesquisa de perfis”, explicou o tenente Rodrigo Garcia Vilardi, oficial do Departamento de Ensino e Pesquisa.
“Essa ação foi premiada pela preocupação na boa formação e aperfeiçoamento de práticas para melhorar a qualidade”, disse Melina Risso, do Sou da Paz. O aluno Alex Sandro da Silva Gomes, de 31 anos, disse que, pesquisando a área da Consolação, percebeu alto índice de tráfico e furtos envolvendo menores. “A dificuldade local era envolver outros atores que não (fossem a) polícia.”