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    MATÉRIAS

    Fabricação de armas caseiras desafia PM em Minas

    Mais do que se preocupar com o contrabando, as autoridades mineiras têm pela frente o desafio de combater o surgimento de fábricas caseiras de armas, uma prática criminosa que tem se tornado cada vez mais comum no Estado. Quase 15% do armamento recolhido pela polícia em Minas Gerais são de fabricação caseira. Os dados fazem parte de um levantamento inédito feito pelo Instituto Sou da Paz com base nas apreensões realizadas pela Polícia Militar em 2014.

    De um total de 18.560 revólveres, espingardas, pistolas e outros modelos apreendidos, 2.694 foram feitos de forma caseira. Espingardas e garruchas sãos os tipos mais fabricados de forma clandestina pelos criminosos.

    A própria PM confirma que esse é um cenário que, apesar de ter sido retratado com dados de 2014, ainda é bem atual. Apenas neste ano, três fábricas clandestinas foram descobertas em Belo Horizonte e outra em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana.

    O último caso, em agosto, terminou com a prisão de quatro pessoas que estariam envolvidas na fabricação de pistolas e submetralhadoras em duas residências nos bairros Tupi e Providência, região Norte de BH. As submetralhadoras que seriam usadas em crimes eram vendidas a R$ 3,5 mil.

    Confirmação

    “A corporação tem apreendido um número maior de armas caseiras em Minas. Percebemos que o indivíduo vem buscando alternativas para o estabelecimento do crime em face de uma série de questões que favorecem o processo criminoso, como o fato de a lei ter brechas que acabam por alimentar o sensação de impunidade”, afirma o chefe da assessoria de imprensa da PM, capitão Flávio Santiago.

    Segundo informações da corporação, foram apreendidas entre janeiro e setembro deste ano 16.898 armas de fogo em todo o Estado. No primeiro semestre de 2016, quase 30 mil pessoas foram detidas por diversos crimes em Minas, mas apenas 614 ficaram efetivamente presas.

    “A polícia tem feito operações e utilizado a inteligência para monitorar criminosos e e prendê-los em flagrante. Temos conseguido êxito nas ações, mas é preciso que a sociedade cobre o endurecimento das leis para reduzir a prática repetida de crimes pelos mesmos indivíduos”, diz Santiago.

    Ações

    Para Bruno Langeani, coordenador do Instituto Sou da Paz, responsável pelo mapeamento da procedência das armas, o estudo mostra, na verdade, um direcionamento equivocado do combate ao crime. “Se o governo quiser ter uma ação de impacto para reduzir circulação de armamento, precisa investir em combate a armas pequenas e de fabricação nacional. É um mito achar que o problema é o contrabando e as ações voltadas para esse sentido não vão resolver o problema”, explica.

    Do total de armas apreendidas em 2014 no Estado, 53% eram de procedência nacional, o que mostra o alcance do comércio ilegal dentro do país. “É preciso que as autoridades tenham acesso a esse tipo de informação, passem a produzir esses dados qualificados e trabalhem com esse cenário para ter resultados mais efetivos”, defende Langeani.

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