Análise publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 26 de junho de 2013
LUCIANA GUIMARÃES
LIGIA RECHENBERG
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ainda que pequeno em comparação ao número de vítimas de homicídios, o saldo de pessoas mortas em decorrência de latrocínios é preocupante, pois há meses estamos no mesmo patamar e esse é o crime que afeta a sensação de segurança da população.
Nas análises criminológicas, latrocínio é o roubo que não deu certo: a intenção era roubar, mas a ação resultou na morte da vítima.
Considerando que os roubos representam a maioria dos crimes violentos na cidade, podemos concluir que o medo da população está relacionado à preocupação em perder a vida em um assalto.
Em maio, foram 10.373 ocorrências de roubo. Os 14 casos de latrocínio registrados representam uma parcela ínfima dessas ocorrências, mas, por sua dispersão e falta de padrão, causam uma sensação de vulnerabilidade.
Ao contrário dos homicídios, com uma predominância de vítimas jovens e majoritariamente concentrados em bairros periféricos, os roubos (e consequentemente os latrocínios) não têm endereço ou vítima preferencial.
Soma-se a isso o destaque que a mídia vem dando a casos pontuais, superdimensionando o problema, e o medo está instaurado.
Nesse contexto, o mais importante é que a agenda de enfrentamento aos roubos e de controle de armas, para reduzir o poder letal dos bandidos, deve ser prioritária.
LUCIANA GUIMARÃES é diretora do Instituto Sou da Paz/ LIGIA RECHENBERG é coordenadora do Instituto Sou da Paz.