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    Valor Econômico | Para 78% dos brasileiros, armas e munições devem ter imposto maior na reforma tributária

    27 de novembro de 2024 às 05:12

    “Mesmo que o tema tenha sido polarizado e o lobby aumentado, a população não quer facilitar o acesso às armas e acha importante aumentar a tributação sobre esses artefatos”, diz a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz

    Reportagem publicada pelo Valor Econômico (clique para acessar texto original)

    Levantamento feito pelo Datafolha sob encomenda da organização ACT Promoção da Saúde aponta que 78% dos brasileiros acreditam que armas de fogo e munições deveriam ter seus impostos aumentados na reforma tributária que está sendo finalizada no Congresso Nacional.

    Entre as mulheres, o número sobe para 81%, mas a porcentagem também é alta entre os homens (74%).

    Em todos os recortes sociais, seja por faixa de idade, classe social ou regiões, a porcentagem de respondentes que defendem mais impostos para a compra de armas e munições ultrapassa os 70%, segundo observa o Instituto Sou da Paz, parceiro da ACT.

    “Mesmo que o tema tenha sido polarizado e o lobby aumentado, a população não quer facilitar o acesso às armas e acha importante aumentar a tributação sobre esses artefatos”, diz a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.

    Segundo ela, o levantamento pode servir para que o Senado inclua armas e munições no imposto seletivo no Projeto de Lei Complementar 108, que está tramitando no Congresso Nacional para regulamentar a reforma tributária já aprovada no fim de 2023.

    Carolina lamenta que armas e munições tenham sido retiradas do texto original da reforma no ano passado. “Quando a PEC saiu do Senado para a Câmara, saiu com armas e munições no imposto seletivo, mas os deputados tiraram do texto aos 46 do segundo tempo a partir de uma articulação de bastidores com a bancada do PL [Partido Liberal]. O lobby conseguiu. Há um interesse por trás que faz muita pressão”, declara.

    Apesar das dificuldades, a diretora do Instituto Sou da Paz diz que ainda é possível incluir armas e munições e destaca que emendas sugeridas por ao menos cinco senadores ao Projeto de Lei Complementar 108 estão tratando do tema.

    “Seria muito importante para proteger a vida de todo mundo, especialmente das mulheres”, diz, reforçando que outro estudo do Instituto Sou da Paz indica que metade das mulheres assassinadas no Brasil morrem por armas de fogo. “Esse dado de 78% mostra que a população não quer que armas de fogo sejam barateadas”, conclui.

    A pesquisa do Datafolha entrevistou 2.009 pessoas em todo o Brasil.

    O levantamento mostra ainda que 82% são a favor da inclusão de cigarros e produtos de tabaco no imposto seletivo, também chamado de “imposto do pecado”, que reúne produtos considerados prejudiciais à saúde. Além disso, 81% defendem mais tributação para produtos responsáveis por alta emissão de carbono.

    Em relação a agrotóxicos, 78% pede mais impostos a esse grupo de produtos, enquanto 78% defendem maior tributação às bebidas alcóolicas e 64% são favoráveis a mais impostos sobre alimentos ultraprocessados como salsicha, bolacha recheada e macarrão instantâneo. A mesma porcentagem defende mais impostos para bebidas adoçadas como refrigerantes e sucos de caixinha.

    Sobre combustíveis fósseis, 64% apoiam mais tributação e 64% também apoia mais impostos contra embalagens plásticas.

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